terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Reflexões - O Tempo


O Tempo

Ontem eu me encontrei com uma ex colega de colégio. Ela não me reconheceu, nem deu qualquer sinal que teria me reconhecido. Eu, por minha vez, não esbocei nenhuma ação para contatá-la. Mas fiquei observando-a discretamente.

Num primeiro momento, eu pensei: “Poxa, o tempo foi cruel com ela. Ela está muito envelhecida”. Aí, eu fiquei a observar melhor, olhando os seus detalhes: as bochechas pareciam mais flácidas, algumas rugas apareceram, a pele não tinha mais aquele aparência de uma seda macia, enfim, ela estava definitivamente envelhecida. Maldade da vida.

Mas, de repente, quase num passe de mágica, eu passei a rever a adolescente que tinha conhecido há quase quarenta anos atrás. Ela tinha a mesma simpatia de quando usava aqueles aparelhos odontológicos .... o mesmo sorriso de menina moça, alegre porém seguro e firme evidenciando a firmeza do seu caráter .... a mesma alegria que a todos contagiava .... a postura elegante e o charme de uma mulher consciente de si própria.

E eu fiquei naquele transe a perguntar quem era, afinal, a pessoa que estava vendo? Fiquei meio parado, fixo, “olhando-a” mais com os pensamentos do que com os olhos.

E, logicamente, neste minuto ela reagiu, defensivamente, como todas as mulheres sempre o fazem: “Ela percebeu que eu estava olhando na direção dela e, imediatamente, procurou ajeitar a roupa como se houvesse alguma “brecha” que revelasse parte da sua intimidade”. Heheheh

Foi, então, que entendi. Ali, na minha frente, estava a mesma pessoa que eu havido conhecido nas salas de aula. O tempo não a tinha envelhecido, não, definitivamente não! Apenas, deu-lhe marcas que reforçavam toda a sua jovialidade, sua energia alegre de menina- moça no corpo de uma mulher-mãe.

Envelhecido, só mesmo o meu olhar (que envergonhadamente tratei de enterrá-lo bem depressa).

Max Albuquerque

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