SER CEARENSE
Ser cearense é
nascer com asas nos pés, e, na cabeça, desejos de ver o mundo. É estar bem em
qualquer lugar lindo, e morrer de saudades da terrinha, louco, louco com
vontade de voltar.
É ouvir os sons da moagem, quando está saudoso, o barulho do caititu na casa de
farinha, o chocalho de uma rês caminhando na caatinga; mesmo sem fome, sentir o
sabor do mel de cana, da tapioca com coco, da avoante assada com uma pinguinha
qualquer; e os sabores agrestes da pitomba, da macaúba, do juá, do leite mugido
no portão do curral? Ai meu queijo de coalho com rapadura! E a coalhada
escorrida? Saudade da paçoca com a carne que sobrou do almoço...
Ser cearense é empombar por nada, só porque está de calundu ou com o banzo da
saudade.
Ser cearense é saber viver cercado de piauienses, maranhenses, riograndenses do
norte e outros mais, se entendendo com todos e se dando bem com cada um.
Ser cearense é acreditar que o sertão vai virar mar, e sentir peninha até dos
calangos que correm de sombra em sombra.
Ser cearense é adorar uma “sonfona”, um triângulo, um berimbau, mas no fundo
mesmo, gosta é do remeleixo da cabocla em seus braços, depois de umas quatro
talagadas reforçadas de cachaça com conhaque.
Ser cearense é escrever estas loucuras todas, e pensar que alguém vai gostar.
Ai, saudades do
meu Iguatu!
Acesso em 2013-01-17
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