Fátima
Irene Pinto
Ói
Deus,
Nóis
tá sempre pedindo as coisas pro Sinhô.
Nóis
pede dinhero,
Nóis
pede trabaio
Nóis
pede pra chovê
E
se chove demais
Nóis
pede pra pará
Mode
a coiêta num afetá.
Nóis
pede amô,
Nóis
pede pra casá
Pede
casa pra morá
Nóis
pede saúde
Nóis
pede proteção
Nóis
pede paiz,
Nóis
pede pra dislindá os nó
Quando
as coisa cumprica
Mode
a vida corrê mió.
Quano
a coisa aperta nóis reza
Pedindo
tudo que farta
É
uma pedição sem fim
E
quano as coisa dá certo,
Nóis
vai na igreja mais perto
E
no pé de argum santo
Que
seja de devoção
Nóis
deixa sempre uns merréis
E
lá no cofre da frente
Nóis
coloca mais uns tostão.
Mais
hoje Meu Sinhô
Bateu
uma coisa isquisita
E
eu me puis a matutá
Nóis
pede, pede e pede
Mais
nóis nunca pregunta
Comé
que o Sinhô tá
Se
tá triste ou tá contente
Se
percisa darguma coisa
Que
a gente possa ajudá
E
por esse esquecimento
O
sinhô tem que nos adiscurpá.
Ói
Deus, nóis sempre pensa
Que
o Sinhô num percisa de nada
Mas
tarvez num seja assim
Tarvez
o Sinhô percisa de mim
Sim,
o Sinhô percisa, sim
Percisa
da minha bondade
Percisa
da minha alegria
Percisa
da minha caridade
No
trato c’os meus irmão.
Nóis
semo seu espêio
Nóis
semo a Sua Criação
Nóis
num pode fazê feio
Nem
ficá fazendo rodeio
Nem
desapontá o Sinhô
Nem
amargá o seu sonho
Que
foi um sonho de amô
Quando
essa terra todinha criô.
Ói
Deus, eu prometo
Vo
rezá de ôtro jeito
Vo
pará com a pedição
E
trocá milagre por tostão
Tarvez
eu inté peça uma graça
Mas
antes vo vê direitinho
O
que é que andei fazendo de bão.
E
se nada de bão eu encontrá
Muito
vo me envergonhá
E
ainda vo pedi perdão.
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