PONDERAÇÕES DE UM CABRA SOBRE A SAUDADE
Bichim preverso da peste é essa
tal de saudade. A saudade é tão difici de intender que chega duvido quando
argun cabra me aparece cum conceito saudade. Isso num se intende não se fela,
só se sente! A gente só sabe que é uma aflição tão aflita, uma dor tão duída e
um aperrei tão aperriado, que chega tirar o sintido do cristão. E a gente puxa
cum força o ar pelas venta, pra ver se com os purmão bem cheio a gente sente o
peito menos vazio, e ainda assim, cum a titela cheia de vento a agunia num
passa. Se o cabra que inventou a saudade caísse na minha mão, mais eu ia azer
um trabai tão bunito com a ponta de minha pexera, que inté Lampião ia ficar
murdido de inveja. Mais pensano mió, a saudade inté que tem um lado porreta,
esse vazio no peito que a gente sente, é menos duído do que aquele vazio que
sente o cabra que num tem do que sentir saudade. É, o cabra que inventou a
saudade se safô dessa veiz, já botei a pexera de novo na bainha, e até que sô
agradicido pela inventiva dele, afinal, é mió sinti saudade, sabeno que mais
dia menos dia a genta mata ela, do que num sinti peste de nada. Tá rebocado.
Artsu
Taraz
Disponível
em http://cabra-da-peste.blogspot.com.br/
Acesso
em 2012-03-25
Nenhum comentário:
Postar um comentário